RESUMOS DAS APRESENTAÇÕES DO III COLÓQUIO FERNANDA REBELO-PINTO
O multiculturalismo como alternativa ao monismo científico no ensino de ciências
Discente: Bárbara Simões Barreto de Araújo
Orientador: Fábio Pessoa Vieira
Curso: Mestrado
Resumo: Diante da diversidade cultural presente nos espaços formais de educação, faz-se necessário que os/as docentes avaliem sua prática pedagógica de forma a contemplar tal diversidade. O multiculturalismo, apesar de ser amplamente discutido, ainda carece de discussões que o torne prático. Nesse sentido, este trabalho trata-se de um pesquisa teórico-filosófica com o objetivo de propor uma reinterpretação do multiculturalismo para viabilizar a sua realização no ensino de ciências de forma a, de fato, contemplar a diversidade cultural. Tal objetivo consiste num multiculturalismo baseado no pluralismo epistêmico dos filósofos Paul K Feyerabend e Hugh Lacey como proposta para lidar com a diversidade cultural em sala de aula, frente ao monismo científico, para uma formação mais humanitarista e cidadã, além de trazer três princípios fundamentais para sua efetivação no ensino de ciências alicerçados na poesia Eu-mulher de Conceição Evaristo.
As contribuições de Bacon para um raciocínio crítico da relação homem-natureza através da ciência e suas implicações éticas
Discente: Bianca dos Santos Cunha
Orientador: Olival Freire Junior
Curso: Mestrado
Resumo: Neste início de século XXI a relação dos seres humanos com a natureza desperta graves preocupações. O descontrole no uso dos recursos naturais torna urgente à necessidade de repensarmos como interagimos com o meio ambiente. Estudar como a relação homem-natureza se deu ao longo da história faz com que nos atentemos a gênese do objetivo primeiro da ciência e questionarmos se a evolução científica moderna resultou nos ideais sociais que os primeiros pensadores imaginavam. O filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) foi um dos primeiros a conceber a ideia de dominação da natureza pelo homem através da ciência. Em uma de suas obras ele diz: “Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito, pois a natureza não se vence, senão quando se lhe obedece” (BACON, 1979, p. 13). A ideia de Bacon de que “saber é poder” atua como o princípio motor da humanidade até hoje, analisando as obras A Sabedoria dos Antigos (1602) e Novo Organum (1620), pretendo demonstrar como a ideia de utilização da natureza dos trabalhos de Bacon foi distorcida para a atual exploração antiética da mesma.
Injustiças Epistêmicas e Educação
Discente: Douglas Castro de Jesus
Orientador: Waldomiro Silva Filho
Curso: Mestrado
Resumo: A partir de uma abordagem normativa da Epistemologia Social, apresento duas possíveis aplicações da teoria das injustiças epistêmicas na educação. Na primeira parte deste ensaio, relaciono o projeto normativo da Epistemologia Social à teoria das injustiças epistêmicas de Miranda Fricker e outras autoras. Em um segundo momento, apresento algumas variedades de injustiça epistêmica e, seguindo uma abordagem epistemológica aplicada, investigo se é possível identificar a presença dessas injustiças na educação. Para realizar essa investigação, mobilizo dois cenários hipotéticos na tentativa de informar sobre parte da literatura existente sobre o tema.
História de mulheres físicas no Brasil no Século XX
Discente: Laura Sued Brandão Santos
Orientadora: Indianara Silva
Curso: Doutorado
Resumo: As possibilidades de narrativas para história das ciências no Brasil são diversas e tornaram-se objeto de estudo de vários pesquisadores. Ao nos depararmos com a historiografia das ciências no Brasil e, mais especificamente ao período de institucionalização da física, observarmos uma lacuna significativa acerca da não exploração de contribuições de mulheres ao longo da história. Desse modo, a escrita desse trabalho nasce de uma preocupação de caráter historiográfico que consiste em analisar as contribuições de mulheres a física a no Brasil, uma vez que, a historiografia tradicional negligenciou os trabalhos realizados por mulheres cientistas no desenvolvimento científico do país. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é apresentar as trajetórias e contribuições de duas mulheres físicas no Brasil no período de institucionalização da Ciência no século XX, Elisa Esther Maia Frota-Pêssoa e Neusa Amato. A tese está organizada em formato multipaper e metodologicamente considerada como sendo uma pesquisa prosopográfica ou de biografias coletivas.
As Contribuições das Mulheres para a Construção da Tabela Periódica dos Elementos Químicos
Discente: Márjorie Carla dos Santos Macedo Dantas
Orientadora: Indianara Lima Silva
Curso: Mestrado
Resumo: O presente trabalho discute as contribuições das mulheres cientistas para a construção tabela periódica e as lacunas existentes na História das Ciências no que diz respeito à visibilidade e reconhecimento das descobertas realizadas por elas. Alguns periódicos se dedicaram a publicar a história do desenvolvimento da tabela periódica, no entanto, percebe-se que muitos cientistas homens são citados como colaboradores. Mas, as contribuições das mulheres são negligenciadas até mesmo pela História das Ciências pelo fato de ainda existirem poucas publicações sobre essas cientistas. De acordo com o levantamento bibliográfico realizado, mais de quarenta mulheres cientistas contribuíram para o processo de construção da tabela periódica a partir da descoberta de novos elementos e/ou suas propriedades. No entanto, abordaremos neste trabalho as contribuições de quatro cientistas: Lise Meitner, Ida Noddack, Berta Karlik e Marguerite Perey. A partir de uma biografia coletiva pautada na história de vida dessas mulheres, considerando o gênero com uma categoria de análise, pretende-se dar visibilidade às suas trajetórias acadêmicas e contribuições para a construção da tabela periódica, bem como identificar as opressões de gênero e raça sofridas por elas que consequentemente excluem as mulheres do processo de construção do conhecimento. Por fim, dar visibilidade a história dessas cientistas pode contribuir para discussões e reflexões acerca de questões políticas, sociais e de gênero da época em que viveram essas cientistas.
As dimensões do trabalho docente no Ensino de Ciências do Campo: uma análise político-pedagógica
Discente: Brenda Santos de Sousa
Orientadores(as): Geilsa Costa Santos Baptista e Frederik Moreira dos Santos
Curso: Mestrado
Resumo: A Educação do Campo (EdoC), enquanto projeto contra-hegemônico nascido através dos movimentos sociais camponeses, tem ganhado espaço no cenário de ensino e pesquisa pelo Brasil a partir da criação de cursos específicos para formação de professores do/para o campo, especialmente nas áreas de Ciências da Natureza e Matemática. Entretanto, compreendendo que em uma sociedade de classes marcada por um passado colonial e que historicamente o conhecimento científico esteve a serviço da classe dominante, nos interessa saber de que forma a área da Educação do Campo e Ensino de Ciências tem se articulado. Portanto, no presente trabalho, objetivamos caracterizar e analisar as dimensões do trabalho pedagógico voltado ao ensino de ciências no âmbito da EdoC. Para isso, adotamos a categoria trabalho em uma perspectiva marxista para compreender o trabalho pedagógico a partir de dimensões inter-relacionadas. O procedimento metodológico adotado neste estudo multipaper é do tipo bibliográfico, caracterizada por uma revisão teórica utilizando o método de Análise Textual Discursiva, e empírico a partir da realização de entrevistas semiestruturadas com egressos de um curso de Licenciatura em Educação do Campo/Ciências da Natureza. Espera-se contribuir na sistematização e aprofundamento da compreensão de como a EdoC tem munido didaticamente, politicamente e pedagogicamente os professores com estratégias que unifiquem as principais necessidades formativas relacionadas às intencionalidades do Ensino de Ciências para este contexto e como isso tem refletido na prática.
Do colonialismo à decolonialidade: Aspectos de Imposição Epistêmica Sobre a Educação Ambiental e Alternativas Educacionais Coexistente
Discente: Davi Maia Rocha
Orientador: Fábio Pessoa Vieira
Curso: Mestrado
Resumo: Quando observamos a contextualização da educação ambiental, notamos como a linha temporal é marcada pela valorização dos saberes eurocentrados e consequentemente excludente a outros modos de conceber a sustentabilidade da vida humana. Essa construção epistêmica é marcada por uma série de ações que contribuíram para o perceber colonizador que foi imposto ao mundo como as imposições culturais, religiosas e linguísticas. Dessa forma, proponho que a educação ambiental pode se findar entrelaçada com aspectos sociais de subsistência, de lutas em defesa da terra, por direitos assegurados e para preservação e manutenção das culturas e costumes. Por isso, o trabalho propõe discorrer sobre alguns recursos que compõe a pratica educativa ambiental em comunidade que apresentam elaborações distintas e alternativas ao modelo social hegemônico, apresentando algumas bases de referência para prática de educação ambiental decolonial em espaços que comumente estão alicerçados perspectivas conservacionistas e pragmáticas de atuação metodológica. Foram selecionados artigos que tenham em seu bojo a construção de uma educação ambiental decolonial que se finda em diferentes contextos sociais no Brasil, realizando uma análise das pesquisas publicadas nos últimos cinco anos, a partir do ano de 2017, elaboradas em diferentes ambientes de atuação educacional, configurando-se como alternativas reais de contribuições sobre saberes sustentáveis.
Interfaces Entre as Produções Audiovisuais Plataformizadas e os Potenciais Comunicativos de Licenciandos das Ciências da Natureza
Discente: David Santana Lopes
Orientadoras: Rejâne Maria Lira-da-Silva e Lynn Rosalina Gama Alves
Curso: Doutorado
Resumo: Imersas na Cultura Digital, as produções audiovisuais são clássicos artefatos pedagógicos adotados na prática em sala de aula. Compreendendo os riscos e potencialidades das interfaces digitais e plataformizadas contidas na sociedade contemporânea, a presente pesquisa tem como objetivo analisar de que forma diferentes campos de força interferem no potencial comunicativo de licenciandos em Biologia, Química e Física diante da interação com produções audiovisuais plataformizadas. Para isso, esse estudo seguirá os pressupostos da Teoria do Agir-Comunicativo de Jürgen Habermas adaptada às novas estruturas infocomunicacionais das tecnologias digitais a partir de princípios neomaterislistas. O contexto e os participantes serão professores, corpo administrativo, além de estudantes das Licenciaturas em Biologia, Química e Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os procedimentos metodológicos a serem adotados nesta produção multipaper são do tipo bibliográfico (duas revisões sistemáticas e um estudo teórico) e do tipo empírico (aplicação de entrevistas semiestruturadas e de intervenções didáticas). Para a sistematização das informações produzidas o software IRaMuTeQ auxiliará o processo da Análise do Discurso proposto por Norman Fairclough. Por fim, é válido apontar ainda que o presente estudo segue os princípios éticos da pesquisa, tendo aprovação deferida pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da UFBA.
Múltiplos olhares sobre a gestão e as políticas de preservação das coleções didáticas da UESC
Discente: Therezinha Vasconcelos Santos Brasil
Orientadora: Rejâne Maria Lira da Silva
Curso: Doutorado
Resumo: Esta tese objetiva compreender como docentes e licenciandos do campo Ciências da Natureza da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC percebem o uso das coleções didáticas para o Ensino de ciências. Destaca-se que patrimônio científico, neste estudo, refere-se às chamadas coleções didáticas, mais voltadas para o campo das ciências naturais, as quais, ainda assim, trazem inegável valor histórico. As coleções que integram o patrimônio científico correm o risco de se perder, pois, de modo geral, não existe, nas instituições de ensino superior, uma política de preservação do seu patrimônio. Metodologicamente, este estudo é classificado como uma pesquisa qualitativa empírica baseada em narrativas. Compreende os professores/pesquisadores que atuam como curadores das coleções da UESC; os docentes vinculados ao ensino no âmbito das licenciaturas na referida instituição e os licenciandos da área de Ciências da Natureza filiados à universidade. Será desenvolvido em três etapas principais: Levantamento e mapeamento das coleções didáticas da UESC; Realização de entrevistas online; e análise documental. Os dados obtidos serão analisados por meio da Análise de Conteúdo. Esperamos que este estudo possa ser referencial para aqueles que buscam reafirmar debates acerca da gestão e preservação das coleções didáticas e sua contribuição para a formação docente.
Empoderamento das mulheres para carreiras científicas: potencial das atividades de Ensino de Ciências sobre pandemia do COVID-19 e seus desdobramentos por meio de histórias de cientistas negras visando superação de contextos de sujeição
Discente: Andréa da Silveira Cordeiro Cunha
Orientadora: Bárbara Carine Soares Pinheiro
Curso: Doutorado
Resumo: Apesar dos avanços da sociedade, as meninas são minoria nas carreiras científicas e preferem profissões geralmente relacionadas ao cuidado, à saúde e serviços, e não aquelas áreas consideradas masculinas, como física, engenharia e computação. A pesquisa pretende examinar o potencial de práticas pedagógicas no contexto do Ensino de Ciências, por meio da abordagem de histórias de cientista negras, com articulações entre a área do Ensino de Ciências, os Estudos de Gênero e as Relações Étnicos-Raciais, como recurso para despertar em meninas a construção de projetos de vida vislumbrando carreiras universitária e científica. A metodologia utilizada será a pesquisa-ação com abordagem qualitativa seguindo as etapas do ciclo de pesquisa-ação: planejamento; implementação; avaliação. As etapas deverão ser seguidas na prática e na investigação. Os sujeitos de pesquisa são estudantes da educação básica do Ensino Fundamental II, de uma unidade escolar pública situada no subúrbio ferroviário de Salvador. A ação pedagógica será planejada e executada a partir do desenvolvimento de atividades que permitam a reflexão sobre conceito de Ciência, invisibilidade das mulheres negras, negacionismo científico e grupos antivacina.
(In)Visibilidade da mulher negra na Ciência: perspectivas curriculares pós-críticas e formativas de professores
Discente: Rafaela dos Santos Lima
Orientador: Gustavo Rodrigues Rocha
Curso: Doutorado
Resumo: Por muito tempo a atividade científica era vista como um exercício exclusivamente masculino e as mulheres, apesar de participar de pesquisas, não recebiam reconhecimento acerca de suas produções. Mesmo com os consideráveis avanços (por meio de lutas) é perceptível que ainda há a (in)visibilidade da mulher na Ciência, especialmente as mulheres negras. Assim, é crucial que os conhecimentos construídos em sala de aula sejam pautados na superação de visões deformadas sobre a construção de saberes científicos. Nesse sentindo, compreendemos que a análise da formação de professores na perspectiva da (in)visibilidade da mulher negra na Ciência é parte fundamental desse processo de (re)construção e entendimento sobre a História das Ciências. Apresento a tese de que há ausências de discussões sobre a (in)visibilidade da mulher negra nas Ciências nos cursos de formação de professores de Ciências da Natureza da Bahia. Nesse sentindo, objetivamos investigar a formação de professores da área de Ciências da Natureza na perspectiva de identificar as (in)surgências de discussões sobre as mulheres negras como construtora de saberes.
Trajetórias Acadêmicas e Práxis Pedagógicas de Docentes Lésbicas nas Ciências Naturais nas Universidades Públicas da Bahia
Discente: Stelina Moreira de Vasconcelos Neta
Orientadora: Ana Paula Miranda Guimarães
Curso: Doutorado
Resumo: A história das mulheres nas ciências é atravessada de preconceitos, tensionamentos, silenciamentos e as relações de poder de gênero e ciências. É importante ressaltar, nas ciências naturais, o androcentrismo e a ocultação das contribuições femininas nas pesquisas científicas estiveram presentes ao longo de décadas e até os dias atuais é possível verificar os seus impactos. Dentre eles, destaca-se que a área continua não tendo uma paridade entre homens e mulheres, a misoginia e as tentativas de discriminar as suas produções continuam presentes. Quando interseccionamos gênero e sexualidade, os preconceitos são potencializados, isso é decorrente da sociedade patriarcal e cisheteronormativa que estabelecem modelos de “normalidade social”, quando as pessoas não se encaixam nesses padrões binários de gênero e sexualidade, as violências, são visíveis nas perseguições e desqualificações das pesquisas produzidas. Isso decorre do conservadorismo que a academia é estruturada, que confere, aos pesquisadores homens, brancos e de classe média alta as honrarias e as condições necessárias para o desenvolvimento dos seus estudos. Diante desse contexto, essa pesquisa tem como objetivo analisar nas trajetórias acadêmicas das docentes lésbicas nas ciências naturais como a orientação afetiva-sexual impõem desafios, obstáculos e orienta as suas práxis pedagógicas e de pesquisa.
Educação anti-opressiva em Ciências Biológicas: uma proposta de sequência didática inspirada em Clémence Royer
Discente: Yaci Maria Marcondes Farias
Orientadora: Claudia de Alencar Serra e Sepulveda
Curso: Doutorado
Resumo: A biologia, como ciência, comumente tem sua fala autorizada a ser uma produtora de verdades absolutas, sempre neutra e imune a outros valores. Desse modo, vemos uma dificuldade em propor um conhecimento biológico que vá além de um viés cientificista, alheio aos aspectos socioculturais e portanto, reprodutora de padrões opressivos. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo central apresentar uma proposta de sequência didática (SD), no âmbito do ensino de Evolução Biológica, inspirada em Clémence Royer a ser realizada com discentes do curso de licenciatura em ciências biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS. Busca-se compreender quais características dessa SD podem ter o potencial de promover uma formação crítica às dinâmicas de opressão e voltada para uma prática anti-opressiva de educação, em específico neste trabalho, as opressões de gênero e raça. Para isso, utilizamos como principais referenciais teóricos os estudos de Paulo Freire e de bell hooks, representantes de uma pedagogia crítica, transformadora, humanista e transgressora. A pesquisa tem caráter qualitativo e abordagem metodológica em Design Educacional.
Divulgação Científica e a (re)produção didática: a criatividade na práxis pedagógica de professores de física ‘criadores de conteúdo’ para Youtube e Tiktok
Discente: Alexandre Rodrigues Barbosa
Orientador: Hélio da Silva Messeder Neto
Curso: Doutorado
Resumo: Entre formas e formatos a divulgação científica tem a sua importância tanto educacional quanto política; isto porque ela representa acesso à informação científica e democratização da ciência, além de ocorrer tanto no âmbito escolar quanto em outros espaços sociais. Atualmente, novos formatos de mídia para divulgação científica têm surgido, podem ser citados como exemplo os podcasts e os canais de diferentes plataformas digitais; este movimento complementa a história da divulgação científica, que, por sua vez foi marcada pelo uso de diferentes mídias para divulgação da ciência, tais como rádios, jornais, revistas e canais de televisão. Independentemente da escala temporal, a divulgação científica sempre teve um propósito bem evidente: compartilhar o saber científico a partir de uma linguagem acessível. A apropriação de conceitos científicos nos aproxima do conhecimento da realidade; todavia – especialmente nos tempos atuais em que o fluxo de informações é enorme – algumas informações podem nos afastar dela. Por isso, objetivamos em nossa pesquisa investigar a dimensão criativa dos professores de física criadores de conteúdo na internet, de modo a compreender o desenvolvimento de três importantes pilares da práxis pedagógica, que dizem respeito a como ensinar (forma), ao que ensinar (conteúdo) e para quem ensinar (destinatário).
O ensino de Ciências através da atividade investigativa: Analisando o entendimento conceitual e procedimental de professores dos anos inicias do Ensino Fundamental
Discente: Bianca da Silva Brandão
Orientadora: Amanda Amantes
Curso: Mestrado
Resumo: Professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental apresentam dificuldades quando se trata de ensinar Ciências. Dentre algumas abordagens, a atividade investigativa se apresenta como uma metodologia capaz de melhorar a qualidade do ensino. Esse estudo tem por objetivo realizar um levantamento sobre o entendimento que os professores dos Anos Iniciais têm sobre a atividade investigativa em termos de definição e em termos de ações, para que seja possível pensarmos em estratégias que favoreçam a melhoria da qualidade do Ensino de Ciências nessa perspectiva. Esse estudo visa responder as seguintes questões norteadores: Como se configura o entendimento de professores sobre a definição e aplicação de atividades investigativas no Ensino de Ciências? Qual a relação entre o que os professores declaram saber e o que declaram fazer em relação a atividades investigativas? Para isso, construiremos e validaremos um banco de itens a partir de um modelo teórico bem definido, para que seja possível realizar inferências sobre as respostas às tarefas em um curso de formação continuada sobre a referida metodologia de ensino. A análise dos dados de levantamento inicial da amostra, será a partir de técnicas estatísticas (Modelagem Rasch) que nos dá uma interpretação baseada nas pontuações dos respondentes com medidas lineares do desempenho ao realizar uma tarefa.
Concepção de Modelo Didático de Referência para Ensino de Progressão Aritmética: uma Proposta Baseada na Análise das (Etno)Praxeologias na Prática com o Jogo Ntxuva
Discente: Domingos Arcanjo António Nhampinga
Orientadores(as): Luiz Marcio Santos Farias e Corine Castela
Curso: Doutorado
Resumo: O presente trabalho é parte de uma pesquisa que pretende analisar as contribuições e mostrar as potencialidades da Teoria Antropológica do Didáctico para descolonização de saberes matemáticos escolares, partindo da concepção dum Modelo Didático para o ensino de Progressão Aritmética, que permita a circulação de praxeologias entre instituições de produção de saberes socioculturais a de aprendizagem da matemática. Consideramos como contexto sociocultural o jogo Ntxuva, amplamente praticado em diversas comunidades Moçambicanas onde é feita a produção de dados, envolvendo os praticantes do Ntxuva, professores de matemática e alunos da 12ª classe do SNE. Trata-se de uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, com aproximação etnográfica, que se serve da etnomodelagem e da modelagem antropológica da matemática para produção e análise de dados. Os resultados parciais apontam que o Ntxuva possui muitas variantes, podendo (re)adaptando-se a determinados interesses, permitindo explorar várias habilidades matemáticas. Entre os professores que lecionam a 12ª classe, na sua maioria não utilizam jogos tradicionais para ensinar matemática e os que utilizam, são meramente para mostrar exemplos de aplicação contextuais, o que denota que os jogos apesar de estarem ali, presentes na vida cotidiana dos professores e alunos, eles não são utilizados como dispositivo didático.
Será o Fim da Natureza? diálogos para a formação científico-cidadã
Discente: Felipe Rebelo Gomes de Lima
Orientador: Nei Nunes-Neto
Curso: Doutorado
Resumo: Este estudo é uma investigação teórico-filosófica sobre alguns conceitos de natureza relevantes ao ambientalismo, com vistas a compreender sobre a compatibilidade desses conceitos com os objetivos de uma educação científica para a democracia. Este estudo toma como ponto de partida a afirmação de Latour (2004) de que a ideia de natureza seria antidemocrática e que, por isso, a ecologia política deveria livrar-se dela para ser bem sucedida em seus propósitos. Descrevemos a posição de Latour e suas implicações para a educação científica e discutimos a contraposição colocada por Larrère (2013), a qual afirma que há uma filosofia da natureza (a ética ambiental naturalista), obliterada pela filosofia latouriana, muito importante para a percepção da crise ambiental no contexto do antropoceno. Por fim, opinamos sobre as possibilidades de compatibilidade dos conceitos de natureza vinculados à ética ambiental naturalista com uma educação científico-cidadã para a democracia.
Tempo Geológico e o Ensino de Biologia: Investigando uma proposta de sequência didática baseada em design research
Discente: Rafaela Santos Chaves
Orientadora: Rejâne Maria Lira da Silva
Curso: Doutorado
Resumo: Tempo geológico é um conceito primordial de Geociências que tem grande importância na evolução do pensamento científico e para a tomada de decisões socialmente responsáveis sobre emergências ambientais globais. No ensino de biologia, a noção de tempo geológico impacta diretamente a compreensão de evolução, sendo considerado um conceito difícil de ensinar e compreender porque exige alto grau de abstração, interpretação de números grandes e de escalas e eventos distantes da experiência humana. Tendo em vista a carência de investigações, recursos e orientações curriculares sobre abordagem de tempo geológico em aulas de biologia no Brasil, esta pesquisa visa fornecer diretrizes para a abordagem do conceito no ensino básico através da investigação de uma sequência didática (SD) - tendo o Design Research como referencial metodológico. A SD em investigação foi elaborada a partir de quatro princípios de design que emergiram após um primeiro ciclo de teste e foram posteriormente validados por um grupo de “professores-especialistas”. A SD será aplicada em aulas de Biologia do 2ºano em um colégio em Salvador-BA.